“Benditos os que conseguem se deixar em paz. Os que não se cobram por não terem cumprido suas resoluções, que não se culpam por terem falhado, não se torturam por terem sido contraditórios, não se punem por não terem sido perfeitos. Apenas fazem o melhor que podem. Se é para ser mestre em alguma coisa, então que sejamos mestres em nos libertar da patrulha do pensamento. De querer se adequar à sociedade e ao mesmo tempo ser livre. Adequação e liberdade simultaneamente? É uma senhora ambição. Demanda a energia de uma usina. Para que se consumir tanto? A vida não é um questionário de Proust. Você não precisa ter que responder ao mundo quais são suas qualidades, sua cor preferida, seu prato favorito, que bicho seria. Que mania de se autoconhecer. Chega de se autoconhecer. Você é o que é, um imperfeito bem-intencionado e que muda de opinião sem a menor culpa. Ser feliz por nada talvez seja isso.
(Martha Medeiros, no livro “Ser feliz por nada”)
Category Archives: Martha Medeiros
Falar–Martha Medeiros
Já fui de esconder o que sentia, E sofri com isso.
Hoje NÃO escondo nada do que sinto e penso, e às vezes também sofro com isso, mas ao menos não compactuo mais com um tipo de SILÊNCIO nocivo: o silêncio que TORTURA o outro, que confunde, o silêncio a fim de manter o poder num relacionamento.
Assisti ao filme "Mentiras sinceras" com uma pontinha de decepção – os comentários haviam sido ótimos, porém a contenção inglesa do filme me irritou um pouco – mas, nos momentos finais, uma cena aparentemente simples redimiu minha FRUSTAÇÃO.
Embaixo de um guarda-chuva, numa noite fria e molhada, um homem diz para uma mulher o que ela sempre precisou ouvir. E eu pensei:
"como é fácil libertar uma pessoa de seus fantasmas e, libertando-a, abrir uma possibilidade de tê-la de volta, mais inteira. "
Falar o que se sente é considerado uma FRAQUEZA. Ao sermos absolutamente SINCEROS, a vulnerabilidade se instala. Perde-se o mistério que nos veste tão bem, ficamos nus.
E não é este tipo de nudez que nos atrai. Se a verdade pode parecer PERTURBADORA para quem fala, é extremamente libertadora para quem ouve. É como se uma mão gigantesca varresse num segundo todas as nossas DÚVIDA. Finalmente se sabe.
Mas sabe-se o quê? O que todos nós, no fundo, queremos saber: se somos amados. Tão banal, não?
E no entanto esta banalidade é fomentadora das maiores CARÊNCIAS, de TRAUMAS que nos aleijam, nos paralisam e nos afastam das pessoas que nos são mais caras.
Por que a dificuldade de dizer para alguém o quanto ele é – ou foi – importante? Dizer não como recurso de sedução, mas como um ato de generosidade, dizer sem esperar nada em troca. Dizer, simplesmente.
A maioria das relações – entre amantes, entre pais e filhos, e mesmo entre amigos – ampara-se em MENTIRAS parciais e verdades pela metade.
Pode-se passar anos ao lado de alguém falando coisas inteligentíssimas, citando poemas, esbanjando presença de espírito, sem alcançar a delicadeza de uma declaração genuína e libertadora: dar ao outro uma certeza e, com a certeza, a liberdade.
Parece que só conseguiremos manter as pessoas ao nosso lado se elas não souberem tudo. Ou, ao menos, se não souberem o essencial.
E assim, através da manipulação, a relação passa a ficar doentia, inquieta, frágil. Em vez de uma vida a dois, passa-se a ter uma sobrevida a dois.
Deixar o outro INSEGURO é uma maneira de prendê-lo a nós – e este "a nós" inspira um providencial duplo sentido. Mesmo que ele tente se libertar, estará amarrado aos pontos de interrogação que colecionou.
Somos sádicos e avaros ao economizar nossos "eu te perdoo", "eu te compreendo", "eu te aceito como és" e o nosso mais profundo "eu te amo" – não o "eu te amo" dito às pressas no final de uma ligação telefônica, por força do hábito, e sim o "eu te amo" que significa: "seja feliz da maneira que você escolher, meu sentimento permanecerá o mesmo".
LIBERTAR uma pessoa pode levar menos de um minuto. Oprimi-la é trabalho para uma vida. Mais que as mentiras, o silêncio é que é a verdadeira arma letal das relações humanas.
Martha Medeiros
“Crescer custa, demora, esfola, mas compensa. É uma vitória secreta, sem testemunhas. O adversário somos nós mesmos…..”
Martha Medeiros
Gaste seu amor. Usufrua-o até o fim. Enfrente os bons e os maus momentos, passe por tudo que tiver que passar, não se economize. Sinta todos os sabores que o amor tem, desde o adocicado do início até o amargo do fim, mas não saia da história na metade. Amores precisam dar a volta ao redor de si mesmo, fechando o próprio ciclo. Isso é que libera a gente para ser feliz de novo.
Martha Medeiros
"Quando olho para o meu passado, encontro uma mulher bem parecida comigo – por acaso, eu mesma – porém essa mulher sabia menos, conhecia menos lugares, menos emoções."
Martha Medeiros
“Gaste seu amor. Usufrua-o até o fim. Enfrente os bons e os maus momentos, passe por tudo que tiver que passar, não se economize. Sinta todos os sabores que o amor tem, desde o adocicado do início até o amargo do fim, mas não saia da história na metade. Amores precisam dar a volta ao redor de si mesmo… fechando o próprio ciclo. Isso é que libera a gente para ser feliz de novo.”
Martha Medeiros
Incertos são nossos amores, e por isso é tão importante sentir-se bem mesmo estando só.
Martha Medeiros
“Fui abençoada com um coração meiguíssimo e em contrapartida com um pavio bem curto. Exatamente igual a um vidro: se me jogar no chão, eu quebro… mas se me pisar, te corto”
Martha Medeiros – Doidas e Santas
“Eu, você e todas nós queremos intimidade mas evitamos contatos muito íntimos. Não queremos nos machucar, mas usamos sapatos que nos machucam. A gente quer e não quer o tempo todo. Será que durante uma caminhada de uma esquina à outra, em um único quarteirão, é possível acontecer uma paixão, uma descoberta? Quantos metros precisamos percorrer, quantos dias devemos esperar, em que momento da nossa vida irá se realizar o nosso maior sonho e, uma vez realizado, teremos sencibilidade para identificá-lo? O nosso desejo mais secreto quase sempre é secreto até para nós mesmos.”