Viva

Por isto dance, dance como se ninguém estivesse vendo você, Trabalhe como se não precisasse de dinheiro, Corra como se não houvesse a chegada, Ame como se nunca tivesse sido magoado antes, Acredite como se não houvesse frustração, Grite como se ninguém estivesse ouvindo, Beije como se fosse eterno, Sorria como se não existissem lágrimas, Abrace como se fossem todos amigos, Durma como se não houvesse amanhã, Crie como se não existisse crítica, Vá como se não precisasse voltar, Acorde como se você nunca mais fosse dormir de novo, Faça a próxima viagem como se fosse a última, Vista-se como se não conhecesse espelhos, Proponha como se não existissem as recusas, Brinque como se não tivesse crescido, Levante como se não tivesse caído, Case como se não houvesse outra, Mergulhe como se não houvesse medo, Ouça como se não existisse o certo ou errado, Fale como se não existisse o certo ou errado, Aprecie como se fosse eterno, Viva como se não houvesse fim…

Clarice Lispector

“Tenho cabeça, coração e me respeito. Acredito em sonhos, não em utopia. Mas quando sonho, sonho alto. Estou aqui é pra viver, cair, aprender, levantar e seguir em frente. Sou isso hoje, amanhã já me reinventei. Sou complexa, sou mistura. Me perco, me procuro e me acho. E quando necessário, enlouqueço e deixo rolar. Não me doo pela metade, não sou tua meio amiga nem teu quase amor. Ou sou tudo ou sou nada. Não suporto meio termos.”

Os amigos invisíveis

“Os amigos não precisam estar ao lado para justificar a lealdade. Mandar relatórios do que estão fazendo para mostrar preocupação.
Os amigos são para toda vida, ainda que não estejam conosco a vida inteira.
Temos o costume de confundir amizade com onipresença, e exigimos que as pessoas estejam sempre por perto, de plantão.
Amizade não é dependência, submissão. Não se tem amigos para concordar na íntegra, mas para revisar os rascunhos e duvidar da letra. É independência, é respeito, é pedir uma opinião que não seja igual, uma experiência diferente.
Se o amigo desaparece por semanas, imediatamente se conclui que ele ficou chateado por alguma coisa. Diante de ausências mais longas e severas, cobramos telefonemas e visitas. E já se está falando mal dele por falta de notícias. Logo dele que nunca fez nada de errado!
O que é mais importante: a proximidade física ou a afetiva? A proximidade física nem sempre é afetiva. Amigo pode ser um álibi ou cúmplice ou um bajulador ou um oportunista, ambicionando interesses que não o da simples troca e convívio.
Amigo mesmo demora a ser descoberto. É a permanência de seus conselhos e apoio que dirão de sua perenidade.
Amigo mesmo modifica a nossa história, chega a nos combater pela verdade e discernimento, supera condicionamentos e conluios. São capazes de brigar com a gente pelo nosso bem estar.

Assim como há os amigos imaginários da infância, há os amigos invisíveis na maturidade. Aqueles que não estão perto podem estar dentro. Tenho amigos que nunca mais vi, que nunca mais recebi novidades e os valorizo com o frescor de um encontro recente. Não vou mentir a eles, “vamos nos ligar?”, num esbarrão de rua. Muito menos dar desculpas esfarrapadas ao distanciamento.

Eles me ajudaram e não necessitam atualizar o cadastro para que sejam lembrados. Ou passar em casa todo final de semana ou me convidar para ser padrinho de casamento, dos filhos, dos netos, dos bisnetos. Caso os encontre, haverá a empatia da primeira vez, a empatia da última vez, a empatia incessante de identificação.
Amigos me salvaram da fossa, amigos me salvaram das drogas, amigos me salvaram da inveja, amigos me salvaram da precipitação, amigos me salvaram das brigas, amigos me salvaram de mim.
Os amigos são próprios de fases: da rua, do Ensino Fundamental, do Ensino Médio, da faculdade, do futebol, da poesia, do emprego, da dança, dos cursos de inglês, da capoeira, da academia. Significativos em cada etapa de formação. Não estão na nossa frente diariamente, mas estão em nossa personalidade, determinado, de forma perceptível, as nossas atitudes.
Quantas juras foram feitas em bares a amigos bêbados e trôpegos?

Amigo é o que fica depois da ressaca. É glicose no sangue. A serenidade.”

Fabrício Carpinejar

Fabrício Carpinejar

“As cartas de amor
deveriam ser fechadas
com a língua;
Beijadas antes de enviadas.
Sopradas. Respiradas.
O esforço do pulmão
capturado pelo envelope,
a letra tremendo
como uma pálpebra.
Não a cola isenta, neutra,
Mas a espuma, a gentileza,
a gripe, o contágio.
Porque a saliva
acalma um machucado.

As cartas de amor
deveriam ser abertas
com os dentes.”

Fabrício Carpinejar

“Que eu aprenda a guardar segredos sem jurar por Deus. Que eu tenha menos vaidade e mais realidade. Que eu invente mentiras convincentes para deixar as verdades com ciúmes. Que eu perca o pavor de supermercado. Que eu não pense na morte antes de dormir. Que eu volte a rezar sem querer. Que eu possa nadar na neblina. Que eu não tenha receio de ser ridículo. Que eu faça amigos falando do tempo. Que eu pare de fumar. Que os ex-fumantes parem com os sermões. Que eu escreva nos livros o que os livros me escrevem. Que eu possa brincar mais sem contar as horas. Que eu use somente as palavras que tenham sentido.”

O lapis e a Caneta

O lápis e a Caneta
A natureza do lápis difere da natureza da caneta. O lápis é madeira. A caneta é plástico. O lápis é orgânico. A caneta é sintética. O lápis é grafite. A caneta é tinta. O lápis é amigo da borracha. A caneta é amiga do branquinho. O lápis desenha. A caneta rasura. O lápis é rascunho. A caneta definitiva. Na prova só caneta. No papelão só lápis. O lápis diminui de tamanho, tem o apontador, doloroso. A caneta seca, morre de velhice. E o mais importante é que o lápis é criança e a caneta adulta demais para escrever isso aqui.

Thiago Kuerques

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Não sei se espero ou se corro

Não sei se espero ou se corro. É como tentar advinhar se meu trem que não usa trilhos vai passar por aqui ou por lá. É como querer tirar fotografia de um raio esporádico no meio de uma tempestade. Não sei por onde ir no meio desse nevoeiro momesco. E é um nevoeiro quente. Traz uma gota de suor saindo do pescoço, caindo por entre os peitos. Aquece o pulmão. Causa tosse esbaforida. Não sei se se espero ou se corro. Se bato ou mordo. Se é boné ou gorro. Se é telegrama ou twitter. Se é batom ou glitter.
Não sei se fico mais um pouquinho ou se começo a dieta de você. É como tentar chutar uma mosca dentro de um quarto escuro. É como querer supor alguma coisa sobre o próximo samba. Não sei se como ou se bebo. Se é intervalo ou recreio. Se é a marcha engrenada ou o freio. Se é o leme ou um pombo correio.
Não sei se é direito ou de esquerda. Se você sorriu pra mim ou para o rapaz ao meu lado. Se diz não querendo dizer sim. Se diz tchau querendo dizer vem. Ou se realmente eu devo correr, deitar em outra cama, fazer conchinha com uma pessoa menor ou maior, beliscar o bico do seio de uma menina que nem sabe a que veio. Se é isso, pois bem, eu corro.
Mas se for para ficar, eu morro. Morro de amor por você. E como eu amo!

http://thiagokuerques.blogspot.com/

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Últimos segundos – Tati Bernardi

Não deixe quebrar, não deixe romper, não deixe virar grafite envelhecido e esquecido como qualquer contrato sem alma. Corra e cole os pedaços, corra e segure meus pés no chão porque eu estou quase voando, ou me faça voar novamente com você. Por favor, não espere o sanduíche ou a festa do ano, não espere a minha próxima assoada de nariz e a minha cara assustada perdida na sua ausência.
Venha logo, traga de volta a minha certeza, não deixe, por favor, não deixe. Traga um agasalho para esquentar a minha falta de amor e ganhe em troca um ingresso para a minha fidelidade.
Não espere o horário do trânsito livre, não espere ouvir o que você não quer, não espere a vida dar merda para colocar a culpa na vida.
Eu ainda estou aqui por você, limpa, ilesa, sua. Mas cada milímetro do meu corpo me implora por vida, por magia, por encantamento. Por favor, me roube, não deixe, não esqueça do nosso pacto em não ser mais um daqueles casais que não conversam no restaurante e reparam tristes nos outros.
Outro dia ouvi a música do Closer e lembrei o tanto que eu te amava, o tanto que ainda te amo, mas havia esquecido. Eu lembrei que enxergar sem pretensões você dormindo, com o seu ombro caído pra frente fazendo bochechas de criança na sua cara feliz, é a visão do paraíso pra mim.
Eu preciso de força, eu preciso de ajuda, eu preciso que você me lembre de que eu não preciso de mais nada, que mais nada é tão perfeito e que podemos ser um casal imbatível.
Caso tudo isso seja um trabalho inconsciente para me perder, parabéns, você está conseguindo. Mas se ainda existir dentro de você alguma esperança, eu preciso demais que você me abrace e me faça sentir aquilo novamente. É fácil, basta você querer, eu ainda quero tanto.
Venha agora, não espere o músculo, a piada, o botão, o calo, a saudade, o arrependimento, o vazio. Eu preciso sentir que você ainda sente, eu preciso que o seu coração dê um choque no meu, eu preciso saber que seu peito ainda aperta um pouco quando eu vou embora e se espalha como borboletas nas veias quando eu chego.
Tudo o que eu quero, quando ele me olha sem pressa e sorri nervoso sem saber porque a gente procura se perder, é que você desligue o DVD e me diga que esse filme é batido e não tem final feliz. Eu quero que você grite dentro da minha cabeça que não precisamos disso e que, por alguma razão, quando a gente se afasta a dor é maior do que todo o mundo que nos espera.
Eu ainda preciso que você me ache bonita, se surpreenda, me comemore e esqueça um pouco de todo o resto pra se encantar sem medo do tempo.
Não me tire a razão, não me tire a honra, não me faça estragar tudo só para sentir o vento na cara de novo e a música alta. Berre e assopre em mim enquanto é tempo.
Me coma na cozinha, quebre a mesa, faça um escândalo, qualquer coisa para tirar o cheiro de velório do meu ventre. Eu ainda quero viver para você.
Venha agora, ganhe a corrida, passe todo o resto pra trás, é você quem eu continuo eternamente esperando na linha final.

One Tree Hill

“Faça um pedido e coloque no seu coração. O que você quiser, tudo o que você quiser (…) Agora acredite que pode se tornar realidade. Nunca se sabe de onde o próximo milagre vai vir.. O próximo sorriso, o próximo desejo tornado realidade.. Mas se você acreditar que está bem ali na esquina e abrir seu coração e mente para essa possibilidade, para essa certeza, você pode acabar conseguindo aquilo que deseja. O mundo é cheio de mágica, você só precisa acreditar nela. Então faça o seu pedido. Você tem? Que bom. Agora acredite nele com todo o seu coração!”

Fernando Pessoa

“Quero ser teu amigo
Nem demais e nem de menos.
Nem tão longe e nem tão perto,
Na medida mais precisa que eu puder.
Mas amar-te como próximo, sem medida,
E ficar sempre em tua vida,
Da maneira mais discreta que eu souber.
Sem tirar-te a liberdade,
Sem jamais te sufocar,
Sem forçar a tua vontade.
Sem falar quando for a hora de calar,
E sem calar quando for a hora de falar.
Nem ausente nem presente por demais,
Simplesmente, calmamente, ser-te paz.

É bonito ser amigo,
Mas confesso,
É tão difícil aprender…
Por isso, eu te peço paciência.
Vou encher este teu rosto
De alegrias, lembranças!
Dê-me tempo
De acertar nossas distâncias!”